economia

'Nada produz riqueza melhor do que liberdade econômica', diz economista norte-americano


Foto: Joyce Noronha (Diário)

O Simpósio Interdisciplinar Farroupilha (SIF) 2018 contou com economista norte-americano Lawrence Reed como palestrante. O Diário conversou com ele sobre a importância do liberalismo econômico e a economia do Brasil. O SIF foi promovido pelo Clube Farroupilha, em novembro.

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Reed falou sobre conceitos fundamentais do liberalismo econômico e de uma sociedade livre, que ele descreve como um princípio simples, mas, ao mesmo tempo, muito profundo. O economista disse que as pessoas não se importam com o que é público, por isso reforçou que a propriedade privada é o melhor caminho para o crescimento da economia, pois quando as pessoas têm o pertencimento de algo, elas passam a cuidar melhor do objeto. Confira a entrevista:

Diário - Por que acredita que o liberalismo econômico é melhor para as pessoas?
Lawrence Reed - Acredito que é melhor porque reconhece que cada pessoa é diferente, com talentos e ambições diferentes. Com o liberalismo econômico, cada um é livre para ser quem quiser. Também é importante porque fornece incentivo máximo para a criação da riqueza. Porque é isso que o liberalismo econômico faz melhor do que a economia não liberal. Há quem diga: "Nossa, isso soa como ganância", mas como se alimenta, veste e se consegue lares para pessoas? Por meio da produção de riqueza, e nada produz riqueza melhor e mais rápido do que o liberalismo econômico.  

Diário - Mas no liberalismo econômico há mais igualdade para as pessoas?
Reed - Ainda há diferença de poder econômico em uma sociedade liberal, mas uma grande fatia disso é considerada perfeitamente normal e algo a ser apoiado. Nós somos diferentes, nós não deveríamos esperar ganhar o mesmo, porque as nossas contribuições para o mercado são diferentes. Algumas pessoas arriscam mais, outras são melhores em entender o que os consumidores querem, outras são melhores em servir clientes. O que se quer é que as pessoas tenham incentivos para apresentar o seu melhor em um trabalho e alguns aprendem melhor do que outros. Mas enquanto essa diferença não é feita à força, ou por fraude, ou com trapaça, acredito que deveríamos celebrar essas diferenças, porque é o que incentiva as pessoas a produzirem. 

Diário - Há cerca de um ano o Brasil fez uma Reforma Trabalhista. O senhor está ciente destas mudanças? Se sim, o que acha sobre?
Reed - Não estou familiarizado com todos os detalhes da Reforma, mas posso dizer que, a longo prazo, os trabalhadores são os mais beneficiados com leis trabalhistas mais flexíveis e livres. Assim é mais fácil para começar um negócio, para trabalhar para quem quiser. A longo prazo, tudo permite que os trabalhadores sejam mais produtivos, mais competitivos, mais empreendedores, mais flexíveis, mais positivos e desenvolvidos para seu ramo. Parece que as leis trabalhistas do Brasil estão indo para a direção correta, mas não tenho muito mais conhecimento sobre. Idealmente falando, todos os trabalhadores deveriam ter os mesmos direitos, mas algumas vezes, as leis fazem imposições, como "o trabalhador deve ser sindicalizado" e outras coisas que aumentam os custos deste empregado. O que significa que poucos estarão empregados. 

Diário - No Brasil, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, é muitas vezes comparado a Donald Trump, pelas polêmicas. Economicamente, como foi para os Estados Unidos os primeiros anos com Trump? Podemos esperar algo semelhante para o Brasil com Bolsonaro?

Reed - Acho que o título de fascista que as pessoas dão ao Trump é exagerado quando eu olho para a desregulamentação que ele fez. Se ele fosse fascista ele não faria desregulamentações, ele estaria regulamentando mais. Ele emitiu muitas ordens executivas, mas em muitos casos foram para desfazer regulamentações anteriores que eram inconstitucionais. Não defendo o Trump, porque tenho problemas com aspectos da personalidade e algumas visões políticas dele, mas acredito que se vai muito longe ao tentar desmerecê-lo ao chamá-lo de fascista. Prefiro olhar para as diferentes políticas que ele faz. Políticas comerciais, péssimas. Desregulamentações, muito boas. E não sei sobre o senhor Bolsonaro além do que escuto. Espero que aqueles que acreditam em liberdade continuem a pressão para que ele saiba quando está fazendo algo errado. Se ele fizer algo positivo, de tempo em tempo, deve ser reconhecido. Mas mesmo no melhor dos governos, as pessoas precisam ser vigilantes.

Diário - Bolsonaro ainda não assumiu e fala em fazer cortes para melhorar a economia do país. O senhor acredita que seja um bom caminho?
Reed - Sei que o Brasil está com problemas financeiros e enfrenta uma das piores crises de sua história. Espero que o senhor Bolsonaro faça cortes, porque são necessários. Toda vez que se fala em cortes , uma pessoa vai dizer: "Não faça cortes aqui. Faça em outro lugar". Se o pedido for sempre acatado, nada será cortado, nenhum gasto será reduzido e os impostos continuarão a serem elevados. Então, acredito que algumas pessoas terão que engolir pílulas doloridas e amargas. Mas isso não significa ter menos recursos, quem sabe esses poderão ser provenientes do mercado privado, livre e competitivo. Sei que nos Estados Unidos teve corte na área das artes e teve o movimento de pessoas que reclamaram, mas depois, pessoas do setor privado tomaram a frente e disseram: "Nós ajudamos a preencher o vazio financeiro".

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